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Wednesday, April 20, 2016

Sobre internet ilimitada ou não



Quero meter um pouco o meu bedelho neste assunto da internet ilimitada. Apenas para ilustrar, meu primeiro contrato de cable modem com a Net foi em 1998 e nele já constava a previsão de limite de uso.

Que fique claro que sou completamente contra o limite, apenas menciono que desde aquela época esta espada de Dâmocles esteve sobre nossas cabeças.

Faço isto com o conhecimento tanto do lado do usuário "pesado", ex-proprietário de provedor de acesso a internet, quanto do lado acadêmico, professor de disciplinas de Redes de Computadores.

Inicialmente uma explicação importante, a única mais técnica que devo usar aqui. Redes de computadores não são medidas em termos de velocidade, mas de vazão.

Não por acaso o termo "vazão" faz lembrar de encanamentos e água. Com efeito, redes de computadores e redes hidráulicas são quase 100% irmãs gêmeas.

Uma pessoa que tenha estudado hidráulica tem grande facilidade em compreender redes de computadores.

Então começo abordando uma metáfora bem conhecida de todos nós. Uma casa com dois chuveiros.

Quando apenas um chuveiro está sendo usado, a água vem forte. Porém se um segundo chuveiro é ligado simultaneamente, ambos tem a "pressão" da água enfraquecida.

Isto acontece porque a vazão da água que vem da rua permanece a mesma. E ao ser dividida dentro de casa, cada torneira irá receber 50% desta vazão recebida.

Com a Internet é a mesma coisa. Se apenas um equipamento está usando a rede, este pode usufruir da maior capacidade de rede que possa gerenciar.

Quando se ligam outros equipamentos (laptops, celulares, etc), todos eles compartilham a mesma conexão e são, portanto, prejudicados. Da mesma forma que acontece se diversas pessoas resolvem tomar banho ao mesmo tempo.

Em princípio é um hábito brasileiro se queixar da qualidade da sua internet. Eu confesso que não tenho do que me queixar. Minha conexão entrega exatamente o que eu espero dela.

Também é um hábito dizer que "no resto do mundo" a internet é muito melhor, mais barata, etc. Também não é isto não ... Nos Estados Unidos tem operadoras muito mais "murrinhas" que as nossas.

O estado da Califórnia, que se fosse um pais seria um dos mais ricos do mundo e onde fica o Vale do Silício ainda um percentual acima de 20% de pessoas acessando a Internet via linha discada (o antigo modem para telefone fixo).

Claro que  não dá para comparar uma Capital como Porto Alegre com cidades do interior. Mas o post ficaria ainda mais longo se eu fosse explicar isto.

Voltando ao meu objetivo inicial que é discorrer sobre as razões para limitar o uso da Internet, o que eu não entendo na realidade são as razões alegadas para isto.

Explico.

Como eu disse, hoje temos internet farta, abundante e, sim acreditem, suficiente. Porque na média as pessoas não passam 24 horas por dia assistindo Netflix. Elas ainda precisam trabalhar, alimentar-se, mover-se e, até mesmo, dormir.

As pessoas não passam o tempo inteiro em aplicações "gulosas" que exigem muita internet. Whatsapp por exemplo não usa quase nada. Mesmo quando envia fotos e vídeos estes são muito comprimidos para economizar rede.

Facebook, Gmail, sites, tudo isto hoje opera tranquilamente com a rede que temos aí. Claro que virão novas aplicações que demandarão mais infraestrutura, mas não agora, não neste momento.

"Agora" a internet que está aí vem dando conta bastante bem. Como deu conta nos últimos 20 anos e como continuará a dar conta daqui para a frente.

Portanto, não vejo motivo para tanto alarde. Não é como se no mês que vem o consumo de internet vá aumentar 200% e será necessário reconstruir toda a infraestrutura as pressas.

Voltando ao exemplo da agua. Hoje, pelo menos nos centros urbanos, todos tem acesso a agua. Não há necessidade de aumentar o fornecimento de água além do crescimento vegetativo da população e dos negócios.

O mesmo raciocínio vale para energia elétrica.

Então se há internet suficiente, se sempre foi viável investir paulatinamente no aumento da infraestrutura, as alegações das operadoras, para mim, não servem.

Talvez devessem falar a realidade: que o uso de whatsapp e skype, para ficar em apenas dois exemplos, corroeu as joias da coroa das operadoras que eram o SMS, o DDI e o DDD.

Elas estão sentindo que em breve vão simplesmente "passar cabos" e não ganhar nada com os serviços.

Seria bom saberem que não estão sozinhas: donos de táxis (versus Uber), hotéis (versus Airbnb), agencias de viagem (versus todo mundo) também estão pasmos com o que está acontecendo, sem saber para que lado olhar.

Welcome to a new world ... onde o poder se move do topo da pirâmide para a base, do centro para a periferia. Poderiam aprender algo com o Trump em vez de só debocharem dele.

Sunday, July 12, 2009

Redes Sociais, Twitter e Blogs – Ferramentas de relacionamento

“Rubens Barrichello e Nelsinho Piquet estão dando um verdadeiro show de interatividade no Twitter. Eu diria que hoje, depois de pilotar, ‘twittar’ é a segunda prioridade deles. É realmente uma revolução. Uma proximidade com o torcedor sem precendentes, e sem controle dos que fazem assessoria de imprensa das equipes. Um grito de liberdade.”
Flávio Gomes – jornalista da ESPN


Neste momento em que vivemos, a história dos meios de comunicação pode ser dividida em A.I. e D.I., ou seja, antes da internet e depois da internet.

Antes da internet, a posse e a criação de um meio de comunicação demandava além de influência política (para obtenção de concessões quando fossem necessárias), uma quantidade significativa de recursos para os investimentos a serem realizados. Até então existia o grande triunvirato jornal-rádio-televisão, surgidos nesta ordem. Freqüentemente, um grupo de comunicação tinha a posse dos três veículos, utilizando os mesmos profissionais em mais de um dos mesmos.

A criação de conteúdo sempre foi um grande problema para os meios de comunicação tradicionais. Com efeito, preencher 24 horas de programação no caso de rádios e televisões e dezenas de páginas de jornal todos os dias, não é tarefa fácil e muito menos barata. Vários profissionais de produção trabalham sem parar o dia inteiro e seu custo não é nada barato. Consequentemente a entrada de novos “players” no mercado da comunicação nunca foi simples.

A criação da internet mudou uma série de paradigmas neste universo. A “rede das redes” é um veículo por meio do qual diversos conteúdos diferentes podem ser transmitidos com custos que são uma ínfima fração daqueles demandados pelos meios tradicionais de comunicação.

Além disto a internet, de alguma forma, desperta o altruísmo em muitos de seus usuários. Profissionais que normalmente cobram pelo seu trabalho, dispoem-se a oferecer seu conhecimento de forma gratuíta.

Para quem acompanha a internet desde seu lançamento comercial (ocorrido em 1995 no Brasil), já era lógico que o futuro da rede naquela época é o que se vê agora. Uma oferta altamente segmentada de conteúdo, onde há um pouco de tudo para todos.

A quantidade de vídeos que é lançada na internet todos os dias está formando uma biblioteca virtual contendo uma enorme parte da produção áudio-visual da humanidade nos últimos séculos. O Google tem em pleno andamento um projeto para scannear todos os livros já publicados no mundo e armazená-los na rede. Enfim, exemplos como estes são a cada dia mais numerosos.

Já os meios tradicionais de comunicação ainda tem dificuldades em entender a filosofia de anarquia da internet. Com efeito, ninguém é dono da internet. Mesmo que algum país muito importante cortasse os seus acessos a rede, ela continuaria a existir sem problema algum, pois sua administração não é centralizada.

E a quantidade de dinheiro disponível não é um fator na hora de levar o usuário a assistir um ou outro conteúdo. Mais importante do que isto é o fator viral, onde o boca-a-boca, ou melhor ainda, email-a-email transforma conteúdos desconhecidos em sucessos mundiais em questão de horas.

Eu tenho dito a muito tempo que “só faz sucesso na internet o que lida com a interação entre pessoas”. Os maiores sucessos na rede são o email, msn, chat, enfim, ferramentas de comunicação.

Poucos anos atrás um novo fenômeno surgiu, as redes sociais. Tratam-se de sites que permitem aos usuários criarem um perfil na internet com fotos, vídeos preferidos e outros conteúdos. Permitem além disto a comunicação entre os usuários (ver parágrafo acima) com troca de mensagens , depoimentos e compartilhamento de preferências em comunidades.

Do ponto de vista do proprietário da rede social, ele obtém aquele que é o maior custo de um meio de comunicação tradicional de forma gratuíta: o conteúdo. Com efeito são os próprios usuários de uma rede social que geram o seu conteúdo, de forma gratuíta !

Além das redes sociais, outras ferramentas de “conteúdo colaborativo” como são chamadas também surgiram. Entre estas destacam-se os blogs e os wikis. Os wikis são sites que se organizam na forma de enciclopédias e que são criados pelos próprios interessados de maneira livre.

Finalmente entre 2008 e 2009 surgiu um novo fenômeno que são os chamados micro-blogs, onde reina hoje o Twitter. Um blog que permite que um usuário narre o seu dia-a-dia e que aqueles interessados em conhece-lo acompanhem o que ele está fazendo. É o voyeurismo virtual em tempo real.

Estas ferramentas podem e devem ser utilizadas por empresas e profissionais. Até porque se não o forem utilizadas por ele, o serão por seus adversários.

Entretanto é importante estar assessorado por quem entende do assunto. Não apenas agências de comunicação tradicionais. Estas hoje, estão usando as ferramentas que eram previstas 5 ou 10 anos atrás. É preciso estar assessorado por quem sabe o que virá por aí, nos próximos 5 ou 10 anos para estar na frente dos adversários.

Segundo Dale Carnegie, o patrimônio mais importante de uma pessoa é o seu nome próprio. As pessoas não querem ser tratadas como “massa”. A customização da comunicação, onde a pessoa sente que é importante e que o remetente de alguma forma usou uma parcela de seu tempo pensando nela, escrevendo para ela, é um dos mais fortes elementos de ligação possíveis de serem construídos em uma relação.

O mais importante é sempre lembrar que trata-se de comunicação pessoal. E que há seres humanos dos dois lados da linha. Tratar os outros como gostaríamos de ser tratados é a chave do sucesso nesta caminhada e nesta vida.

Tuesday, October 31, 2006

O dilema do conteúdo colaborativo

Sites baseados em conteúdo criado por terceiros estão entre os mais destacados ultimamente.

Entre muitos podem ser citados os exemplos da Wikipedia, do Orkut e do Youtube. Todos estes possuem uma estrutura de software muito simples que permite a usuários carregarem o seu próprio conteúdo para a Internet. Estes provedores de conteúdo distribuídos (os usuários) é que se encarregam de manter o site constantemente com novidades.

O único custo do proprietário do site é aquele que deve ser despendido para mantê-lo funcionando (servidores, link com a internet). E a receita vem de publicidade veiculada no site. Quanto mais conteúdo, maior a audiência, pois maiores os atrativos.

Tudo seria perfeito não fosse um problema: como controlar o conteúdo carregado pelos usuários? Já foi visto em um post anterior que na Wikipedia os próprios usuários se encarregam de manter a credibilidade do material.

Porém em sites como Orkut e Youtube a situação é diferente. Nos últimos tempos o Orkut tem encontrado alguma dificuldade com as autoridades brasileiras devido ao uso do site para promoção de pedofilia e outros usos contrários a lei e aos costumes.

Já o Youtube enfrenta o problema do material carregado ter direitos autorais pertencentes a terceiros, que podem processar o site por ter facilitado a divulgação de material não autorizado.

Hoje ainda saiu a notícia de que o MySpace, muito popular nos Estados Unidos, está proibindo os usuários de carregarem músicas no site, justamente para evitar problemas de direitos autorais. Outros exemplos existem.

O que fica então é a questão de como controlar o material carregado por usuários que não tem uma relação formal com o site. Não restam dúvidas de que existem conseqüências inclusive penais que podem incidir sobre os proprietários.

Na outra mão o fato de que o usuário se dispõe a colaborar. E que muitas vezes, com a melhor das intenções, acaba tendo atitudes que não são aceitáveis.

A resposta óbvia seria de utilizar a tecnologia para controlar o material. Mas isto não é simples. Filtros de conteúdo são extremamente complexos. A prova é dada pela quantidade de spam que todos recebem, apesar da existência de filtros poderosíssimos nos provedores. E filtrar spam é com certeza bem mais simples do que filtrar conteúdo de uma home-page e mais ainda de um vídeo.

Os modelos vão começar a surgir, sem dúvida. Não há como evitar um certo grau de interação humana, para a decisão final. Mas a tecnologia precisa reduzir este trabalho, senão serão necessários milhares de operadores humanos para lidar com a quantidade de material que é atualmente carregada.

Enfim, mais uma questão que está sendo posta pela Internet. Um problema que não existia poucos anos atrás.

Monday, October 09, 2006

O caos das home-pages

Hoje vou falar um pouco sobre as home-pages que andam por aí.

Já fazem muitos anos que eu bato na tecla da inadequação da maioria dos sites, principalmente aqueles com caráter publicitário.

A meu ver a principal causa de problemas é a adoção do Flash para a criação de sites.

Flash é uma ferramenta maravilhosa. Mas não para o uso que muitas vezes se vê. Flash é ótimo para criar uma animação que ilustre o site, ou para inserir vídeos no mesmo de forma leve e transparente ao usuário.

Mas Flash não é adequado para substituir o HTML. E o motivo é simples.

Um dos principais motivos pelos quais a www se tornou um sucesso foi o uso de uma metáfora navegacional simples e padronizada. Por metáfora navegacional entenda-se o uso de símbolos e comandos que permitem ao usuário "surfar" entre diferentes páginas. No momento em que o usuário tem que abandonar os comandos que ele já conhece e aprender novos, seu tempo é desperdiçado. E tempo é um dos recursos mais excassos dos dias atuais.

Exemplificando: o principal elemento de navegação utilizado é o botão de parar. O segundo é o botão de retroceder. Ambos perdem seu sentido quando utilizados em um site baseado em Flash onde uma nova janela se abre e a navegação deve ser feita apenas clicando em links e aguardando que uma arte inteira carregue como acontece com muitos sites atualmente.

O tempo médio que um usuário permanece em um site é inferior a um minuto e trinta segundos. Então é necessário capturar a sua atenção e vender a mensagem para ele neste curto espaço de tempo. Portanto se o tempo do usuário for desperdiçado esperando que artes elaboradíssimas carreguem, não sobrará tempo para que ele receba a mensagem que deve lhe deve ser transmitida.

Muito pode ser dito sobre este assunto. O principal pecado de um site Flash é que ele não é indexado pelo Google. E quem não aparece no Google não está no mundo nos dias de hoje.

Mas naturalmente há quem lucra com estes sites. São os criadores de home-pages que cobram valores bem acima daqueles que seriam cobrados por produções menos elaboradas criadas em HTML puro.

Quando alguém lhe oferecer um site "avançadíssimo e moderníssimo" desconfie. Desconfie de duas coisas: ou bem ele não entende de internet marketing ou bem ele está querendo tomar mais do seu dinheiro do que seria justo.

Se você quer saber mais sobre o assunto, então visite o site do maior guru mundial no assunto, o Jakob Nielsen. Seu site, um exemplo de minimalismo e eficiência encontra-se no endereço:

http://www.useit.com

Voltarei ao assunto oportunamente.

Thursday, September 21, 2006

Tecnologia e diversão

Conversando com um amigo muito inteligente, trocávamos idéias sobre alguns dos conceitos que já abordei neste blog.

Foi então que ele veio com uma colocação que eu ainda não ouvira: de que uma tecnologia para fazer sucesso precisa estar envolvida com lazer e divertimento.

Ele foi citando vários exemplos: o cinema, a internet, comunicações em geral (rádio, televisão), imprensa (livros, jornais, revistas) e por aí afora.

Comecei a perceber um padrão no que ele dizia e a pensar a respeito. Ainda não concluí meus pensamentos, mas há sim muita verdade por trás do conceito.

É claro que existem muitas exceções, mas são coisas pontuais. Por exemplo, uma tecnologia que permite a um torno automatizado obter uma melhor qualidade de trabalho pode obter sucesso. Mas dentro de um contexto e de um universo restrito. Porém as grandes tecnologias em uso hoje tem sim muita sinergia com a diversão.

Não cabe neste blog analisar os motivos psicológicos por trás do fato. Isto é matéria para outros blogs. Mas cabe sim estudar como isto se relaciona com o marketing.

Como disse este é um assunto ainda em ebulição na minha cabeça, mas tenho certeza de que dará frutos. Fica aqui este curto post para registro e também para provocar novas idéias.

Thursday, September 14, 2006

O poder inexplorado do Orkut

Ontem estava andando pelo corredor da universidade e ví cinco alunos em um laboratório de informática. Como os monitores estavam voltados para o corredor, é possível enxergar o que eles estvam fazendo.

Dos cinco alunos, quatro estavam acessando o Orkut naquele momento !

Sei que posso parecer repetitivo (e provavelmente seja mesmo), mas é mais uma prova de que as pessoas usam a internet principalmente para interação entre sí.

A rede é apenas um meio tecnológico que aproxima as pessoas. Desde o sinal de fumaça, passando pelo correio escrito até o telefone, as pessoas buscam meios de se comunicarem e de faze-lo com mais agilidade.

Porém correio, telegrama e telefone nunca tiveram publicidade agregada. As pessoas se acostumaram a pagar pelo serviço e este é o modelo de negócio das empresas que os prestam.

Na internet a expectativa das pessoas é de não pagar. Então o modelo de negócios que está vencendo é aquele onde o serviço é pago por publicidade.

Mas como fazer com que as pessoas não se sintam invadidas por mensagens quando tudo o que querem é se comunicar com seus conhecidos? Esta é a pergunta de muitos milhões de dólares.

O Orkut é um exemplo de um fenômeno social que o próprio criador e seu patrocinador (o Google) provavelmente não esperavam. Cresceu como um serviço gratuíto prometendo continuar assim. Hoje são milhões de pessoas ligadas e a empresa deve se perguntar o que fazer para ganhar dinheiro com isto sem quebrar a promessa inicial.

É um dilema interessante.

Ao mesmo tempo alguns participantes tem tentado tirar vantagem do site, mas ainda com resultados pífios. Sei de contatos profissionais que sairam dalí, mas coisa pouca. Com certeza ainda há muito para acontecer.

Vale a pena meditar um pouco no tema.

ps: vocês sabiam que o Google não indexa as páginas do Orkut ? Porque será ?

Wednesday, September 13, 2006

Internet Marketing e Novelas

Eu sempre costumo dizer que as novelas são o fato mais democrático do Brasil.

Isto porque, da classe mais humilde ao maior empresário, é impressionante o número de pessoas que assistem a mesma programação dia após dia.

Eu confesso ser um pouco elitista em meus hábitos televisivos. Basicamente só assisto a canais por assinatura. Minhas poucas incursões nos canais abertos se restringem a esportes e a um ou outro programa um pouco mais inteligente.

Mas também não nego que gosto de novelas. O motivo pelo qual não as assisto é exatamente este: eu sei que se começar não paro mais. E simplesmente não posso desperdiçar uma hora do meu dia com um vício. Uma vez ouvi dizer que a televisão é um "redutor eletrônico de renda" e concordo muito com isto.

Muitas vezes me vejo mal, quando algum amigo resolve comentar algo sobre a novela ou seus personagens comigo. Eu não sei o que dizer e fica parecendo que ou sou um exibido ou então um alienado.

Toda esta introdução foi para dizer que ontem eu estava folheando os jornais e me detive no resumo de uma das novelas. Alí em cinco ou seis linhas estavam expostas basicamente as principais situações do capítulo do dia. O que me chamou a atenção é que todas eram situações do tipo: alguém namorou alguém, alguém beijou ou brigou com outro alguém e assim por diante.

Ou seja, eram situações que envolviam emoções. Relacionamento humano. E isto me despertou para o fato de que é exatamente com isto que as novelas trabalham e que explica o seu sucesso. Elas não lidam com situações técnicas, frias, abstratas. Mas lidam com aquilo que no final das contas é o que angustia a todos nós: nosso relacionamento e como nos sentimos em relação aqueles com quem convivemos.

Ao trabalharem com isto as novelas espelham em um mundo de fantasias aquelas expectativas ou vivências reais das pessoas.

Várias vezes eu tenho exposto em meus escritos e palestras que para fazer sucesso na internet é preciso valorizar o relacionamento humano. O que o ser humano busca na tecnologia é mais uma vez preencher os seus vazios existenciais. Que continuam os mesmos de sempre, independentemente de tecnologia e progresso. Por trás das máscaras está sempre o ser humano e é ele que é preciso atingir.

Então qualquer campanha de marketing para ser bem sucedida precisa buscar isto, atingir os sentimentos e dentro do possível valorizar e estimular o relacionamento.

As novelas mostram claramente este caminho.